sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

A menina que roubava livros - Markus Zusak


Li esse livro há um tempo, por acaso minha prima estava lendo e tive curiosidade. Quando tive a oportunidade comprei um exemplar pra mim e não me arrependi.


                                                 Amizade em tempos de guerra...


A história é contada pela morte, que se interessava por uma menina que desejava ardentemente aprender a ler, porém era analfabeta.


O cenário é a Alemanha na época do nazismo. Liesel viaja para lá com sua mãe e irmão mas, infelizmente, este falece no meio do trajeto,(é o momento em que ela rouba seu primeiro livro : o manual do coveiro; durante o enterro). Essa viagem era na verdade um caminho sem volta, pois para proteger a filha, sua mãe garantiu que ela fosse "adotada" por um casal pobre de alemães para que tivesse alguma chance de sobrevivência. Claro que a menina não gostou, sofreu sem entender o feito, talvez somente alguns anos depois viesse a compreender.

É interessante como seus novos pais tinham personalidades opostas, o pai ( Hans Hubermann) era visivelmente doce, carinhoso, correto. Amou a menina como filha logo de cara. Enquanto a mãe (Rosa Hubermann), aparentemente, era durona, grosseira, inflexível. Ao longo da trama, percebe-se que ela na verdade é uma pessoa doce que se esconde através de sua máscara severa, é perceptível a existência de amor pela criança. Rosa apenas precisa manter a pose para si mesma. 

Hans quebra o silêncio triste da menina com sua música de acordeon e ensinando a menina a ler quando vê que ela tenta, arduamente, entender o que vem escrito nele. Para Liesel ( e para mim) esse foi um dos maiores atos de amor que ela recebeu em sua nova vida. Ela estabelece uma amizade muito forte com Hans. Ao mesmo tempo ela conhece um menino chamado Rudy. Acabam se tornando amigos e dá pra ver que o garoto sente um pouco mais que amizade por ela, mas Liesel ignora.

A vida de Liesel se resume a ir a escola, brincar na rua, realizar tarefas para ajudar na renda a família, ler e reler livros quando chega em casa. Até o momento em que Hans recebe um judeu (Max), filho de um grande amigo, em sua casa buscando abrigo dos nazistas e a família toma a decisão de cuidar,esconder e proteger o rapaz. Como a menina passa muito tempo no porão aprendendo palavras novas acaba fazendo amizade com o novo hóspede.

Obviamente a história não acaba aí, mas se eu falar mais, conto o livro todo. Não queremos isso, certo? leiam, vale a pena!O livro é de fácil leitura. Enquanto lia parecia que via um filme na minha mente (leitura cinematográfica). A história é interessante, porém bastante triste, não mentirei...


A amizade é o tema principal do livro, é descrita de modo muito comovente. De alguma forma ,isso traz esperança de mesmo em momentos difíceis, existir certo conforto em palavras ou no abraço de um amigo.


Pra quem já leu ( spoiler, siga para "sobre o filme") :

Liesel poderia ser muito mais infeliz do que foi, teve quase tudo: um lar onde era aceita, amigos poucos, mas que a amavam profundamente. Claro, nunca substituiriam a família, porém ainda é uma luz no fim do túnel sabe?Até a mulher do prefeito fornecia felicidade para ela, deixando que entrasse em sua biblioteca e lesse à vontade (eu ficaria muito feliz).

O fato da morte sempre dizer quem vai ou não morrer, como e quando pode se meio estraga prazeres, mas acho que o autor quis mostrar que a morte possui poder, independente da vontade dos homens. Fato que em umas das primeiras cenas do filme,acho que rolou uma crítica. Tem uma fala da morte, mais ou menos assim: " eu sei quem vai morrer e quem vai sobreviver, mas eu não gostaria de dar spoiler e estragar a surpresa".

Liesel quase sempre rouba um livro em algum momento marcante de sua vida, por exemplo : na morte de seu irmão, no discurso com a queima de livros, até quando ela é proibida de entrar na casa do prefeito. Isso é simbólico e está mais marcado no filme.

Uma pena ela não ter retribuído o amor de Rudy, era um doce de menino, inocente, fazia tudo por ela, nem preconceito ele tinha. Acho que o autor queria deixar os leitores impotentes quando apresentou o destino do garoto.

No livro fica subentendido que Liesel vê Max como seu irmão falecido,que mais uma vez, ela não conseguiu proteger para sempre. Talvez pela sua vulnerabilidade. No filme isso está gritante.



Sobre o filme:


Fiquei muito feliz quando fiquei sabendo da adaptação cinematográfica. Fui ver logo quando estreou. Sim eu sei, demorei para postar isso né? desculpem... não tive tempo. 

Eu amei o filme, achei relativamente fiel. Sempre há mudanças, mas o foco e os sentimentos lendo o livro permaneceram intactos. Uma situação ou outra foi modificada, na intenção de enxugar o roteiro.

O filme toma forma fluída, poética, triste, assim como no livro. O final foi levemente alterado porque seria meio forte para as telas, acredito eu.

Um comentário que não chega a ser negativo, mas acho relevante: a atriz que faz Liesel é linda, nada contra, mas a menina era tão bem cuidadinha que eu quase achei que ela era rica. No livro eles são tão pobres e mal alimentados que eu imaginava uma menina mais magricela, pálida, triste, melancólica. Pensei que sua mãe seria mais feiosa e gorducha também. De resto está ok.

Quem não viu o filme veja, vale a pena apesar de ser longo. Se possível, leiam também o livro.É lindo, mas deixe uma caixa de lenços na mesa de cabeceira, Só por precaução. ;)

Abraço apertado para todos!





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